segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Visões da Idade Média

Olá Medievalistas!

Meu nome é Paulo Castelli (32), moro em São Paulo, sou Jornalista e Professor de História (exerço as duas profissões) e sou um amante da Idade Média, período inclusive que é tema do meu mestrado.

Sempre tive muita curiosidade sobre o período medieval antes mesmo de iniciar a faculdade de História, a produção cultural, textos e porque não as batalhas medievais que sempre inspiram filmes, livros e teatro sempre foram pra mim um conteúdo rico de descobertas e que indiretamente está ligado nos dias atuais. 

    Imagem: Pixabay

Nos meus artigos, você sempre encontrará processos históricos que marcaram a Idade Média e fico à disposição dos leitores para receber dúvidas, críticas, comentários e sugestões de tema para esse espaço através do meu e-mail no final desse.

Neste meu primeiro artigo quero especificar os conceitos da Idade Média e desmistificar o rótulo vindo dos renascentistas como “Idade das Trevas”. No primeiro momento vale destacar que a definição de Idade Média é dada em relação a outros períodos, pois “média” é aquela que fica no meio, simplificando, foi denominada por esse nome por ficar entre a Antiguidade e a Idade Moderna.

Segundo os renascentistas, Idade Média que começou com a queda do Império Romano (ano de 476) e finalizada com a Conquista de Constantinopla (1453) foi marcada pela ignorância, obscuridade, de pouca produção científica, onde o poder estava todo concentrado na Igreja Católica e o conhecimento baseado na fé.

Porém, é preciso analisar com mais frieza e longe da visão dos pensadores renascentistas. Após o Renascimento, o prestígio da Idade Média foi recuperado no século XIX pelo Romantismo, onde o período medieval era considerado pelos românticos a época que aconteceu a verdadeira integração entre os seres humanos e a natureza, e as relações eram mais espiritualizadas.

    Imagem: Pixabay

Os críticos relatam que as pessoas da Idade Média eram tristes, mas em uma breve pesquisa podemos observar que é bem ao contrário, suas festas eram cheias de cores e envolviam todos na cidade, eles inventaram o carnaval. Refletiram sobre o drama popular (teatro, discussões e filosofia) que estava adormecido há mais de mil anos.

E o que mais devemos à Idade Média? Podemos falar sobre o seu sistema de ensino e as universidades que foram idealizadas nesse período e tornaram possíveis as trocas de conhecimentos e experiências entre várias cidades da Europa Ocidental e também com os Árabes, proporcionando estudos sobre a Matemática, Direito, Filosofia e Teologia.

Na arquitetura temos grandes exemplos contra o discurso de que Idade Média era ignorante: ferreiros, pedreiros, carpinteiros, pintores, escultores, vidraceiros ajudaram a fazer as mais belas construções que enfeitam a Europa como as Igrejas Góticas e Castelos com cores e luzes impressionantes que podemos observar em “selfies” tiradas por viajantes ou em álbum de fotos em diversas redes sociais.

E a arte? Observando a Antiguidade, homens medievais produziram obras admiradas até hoje como a Divina Comédia de Dante, Os Contos de Canterbury, publicados por Geoffrey Chaucer, as pinturas de Giotto.

    Imagem: Pixabay

E as musicas tão celebradas em nossas festas? Os medievais inventaram as notas e harmonias ocidentais. Homens livres medievais como frades, construtores, membro da justiça focados em um bem comum fundaram escolas, orfanatos e hospitais.

Com toda essa produção de conhecimento e estruturas, a Idade Média poderia ser muito bem descrita como “Era Brilhante”. E será nesse sentido que trarei um novo texto toda semana, vou abordar estudos, processos históricos, personalidades e mitos que rodeiam a Idade Média e, claro, ótimas dicas de leituras que com certeza enriquecerá seus conhecimentos sobre esse período.



Para quem procura saber mais sobre a Idade Média e confirmação das informações aqui encontradas, recomendo o livro “Em Busca da Idade Média", de Jacques Le Goff, que na minha opinião é o melhor historiador medievalista que já existiu. Sempre tenho ótimas análises de seus livros quando recomendo aos meus alunos.

Até a próxima! 

PAULO CASTELLI
Jornalista e Professor de História
pcastellipress@gmail.com

2 comentários:

  1. Vale ressaltar o livro do Huizinga em O Outono da Idade Média.

    Bom texto do prof. Castelli

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