quarta-feira, 4 de julho de 2018

Resenha do IV Old Norse – Um acampamento viking com fogueiras, música, comida... e uma Saga sendo escrita!

Fotos por: Renata Saito

Salve, vikings e medievalistas!

Nesse último final de semana rolou a quarta edição do Old Norse, na cidade de Guapimirim, em terras cariocas.


Mais uma edição de sucesso do evento, mais um monte de histórias pra contar. Se você não esteve por lá, dá uma olhada em como foi:

O eventou mal havia acabado e já estávamos com saudades. Fomos daqui de São Paulo com a expectativa alta, já que a edição do ano passado havia sido tão boa (veja aqui nossa resenha do ano passado), e não nos decepcionamos.

Se você segue o Cena Medieval no instagram, provelmente viu as fotos e videos que postamos em tempo real, enquanto estávamos lá no acampamento! (e se você ainda não segue, tá na hora: @cenamedieval).


O valor do ingresso era de R$ 160,00 (podia variar para pouco mais ou menos, cf. o lote) e já incluía toda a alimentação, do começo do evento às 11h no sábado até a conclusão às 18h no domingo. O estacionamento também era livre. Não estava incluída bebida alcoólica, que podia ser comprada com os expositores – havia pelo menos três marcas cariocas de hidromel. Segundo a organização, estiveram no evento um pouco menos de 150 pessoas, ou seja, um número pequeno e bem controlado, permitindo a manutenção da qualidade.

A alimentação, servida nos horários de café da manhã, almoço e jantar, incluía pães, frutas, pastas, frios, carnes de frango e porco, legumes e caldos.


No valor do ingresso também já estava incluído o acampamento, para quem quisesse levar sua tenda ou barraca e passar a noite lá para aproveitar ao máximo os dois dias de evento. Assim como no ano passado, havia duas áreas de acampamento: uma para barracas modernas e outra para tendas recriacionistas vikings.


Recriacionismo, para quem não ainda não manja, é a prática de recriar, para fins de estudo ou diversão, características (roupas, armas, comidas, etc) de um determinado período histórico. No caso, estamos falando de recriacionismo viking, ou seja, relativo à Escandinávia e áreas por onde os vikings viajaram e se instalaram durante o período que se convenciona chamar de Era Viking, que vai mais ou menos do final do século VIII à metade do século XI.

E o Old Norse, além de ser um acampamento viking, tem a proposta de contar uma história ao longo das edições do evento, com enredo e personagens – a Saga Old Norse (esse nome não é escolhido ao acaso, pois as "sagas" são justamente os antigos textos medievais, principalmente islandeses, que contam histórias do povo nórdico, e que são hoje uma das principais fontes de conhecimento e estudo sobre a Era Viking). Quem vai ao evento pode interagir com esses personagens e fazer parte dessa história.

As edições anteriores do evento tiveram como títulos O Casamento (2015), Portões de Valhala (2016) e Yule (2017). Este ano o título foi O Funeral.

A disposição dos espaços mudou consideravelmente em relação ao ano passado, na nossa opinião para melhor: dessa vez a área das barracas modernas ficou bem próxima da entrada do público geral, e pra chegar à parte central do evento era necessário caminhar por uma curta trilha. E a área do acampamento recriacionista, onde a maior imersão acontecia, ficou ainda um pouco além dentro da mata.

Área central do evento
Neste ano, na parte central ficaram a maioria dos expositores e a arena, ou seja, foi onde a maior parte do evento aconteceu. Foi nessa área que, durante a tarde, rolou uma das cenas do enredo: os dois Jarls que disputavam o título de novo rei do povo do norte iniciaram uma discussão, e o ancião do vilarejo apareceu para intervir e determinar que a discussão e a decisão deveriam acontecer durante o Thing, a reunião de homens livres, como manda a tradição.

O ancião intervindo na troca de farpas entre os Jarls
Foi nessa área central também que rolou a maior parte da música do evento, que ficou por conta do duo Olam Ein Sof e do grupo Oaklore. A música de ambos, completamente acústica, ornou bem demais com o ambiente do evento, e o formato das apresentações permitiu que eles andassem e tocassem como verdadeiros bardos itinerantes.

Olam Ein Sof

Oaklore
Avançando um pouco mais pela trilha, o visitante podia pensar ter viajado no tempo, pois estava dentro de um grande acampamento viking, misturando os grupos Haglaz (RJ), Antigas Serpentes (RJ), Myrrox (RJ), Nýr Vindr (SP), Velho Musgo (SP) e nós do Cena Medieval com um dos membros da Ordo Draconis Belli (SP). Quase dez tendas históricas, parecendo que haviam sido recentemente retiradas de drakares, e armadas ali naquele espaço para algum tipo de reunião.






E de fato, justamente ali aconteceria o grand finale deste capítulo da Saga. Pouco depois do anoitecer, o funeral começou. O barco foi carregado à frente de uma procisão, trilha acima, até a área do acampamento histórico. Lá uma pilha de lenha já estava preparada para acomodá-lo e o povo (recriacionistas e o público em geral) se reuniu em volta para ouvir as palavras do ancião Einar e da völva Thorborg, ao som de um canto fúnebre interpretado pelos músicos do Oaklore, e dizer um último adeus ao Rei Eidr, cujo corpo foi respeitosamente trazido e colocado dentro do barco.



Chegada a hora, a völva chamou todos os presentes para aproximarem suas tochas e ajudarem a unir o corpo do rei aos elementos.


O fogo queimou, mas antes mesmo que a pira funerária apagasse, começou a Thing, na qual alguns assuntos deveriam ser tratados pelos homens livres, e uma decisão em especial precisava ser feita: quem seria o novo rei do povo do norte?

Havia dois principais candidatos: o Jarl Uffe e o Jarl Björn, que já haviam sido vistos trocando farpas mais cedo no evento, como comentei. Ficou curioso pra saber qual deles foi eleito o novo rei? Bom, quem esteve lá fez literalmente parte dessa história. Se você não esteve, vai ter que esperar mais um pouquinho ainda. Vamos publicar em breve a versão escrita desse enredo, completando assim mais um capítulo da Saga Old Norse.

Após o final da encenação, as pessoas se reuniram em volta das fogueiras, que queimaram ao som de música e conversa por um bom tempo. No segundo dia o evento continuou de forma mais ou menos livre, com mais música, lutas, comida e jogos.





Zaman Tribal - Grupo de Danças
Aconteceu também no segundo dia uma simulação de escavação, conduzida pelo arqueólogo Cláudio Prado de Mello, responsável pelo Museu da Humanidade – IPHARJ (Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueologia do Rio de Janeiro). Ele também trouxe várias peças originais para expor. Infelimente perdemos essa última atração, pois precisávamos pegar a estrada para voltar para São Paulo, mas com certeza deve ter sido muito bacana. Quem ficou até o final e conseguiu participar pode deixar sua impressão aqui nos comentários!

No ano passado, o evento terminou no domingo de manhã; este ano seguiu até o fim da tarde de domingo, ou seja, praticamente dois dias inteiros de acampamento, e mesmo assim foi pouco pra curtir tudo e interagir com a galera. Mais uma vez ficou aquela sensação de quero mais.


Enfim, a experiência de acampar por si só já é muito interessante. Quando a noite cai e a maior parte da luz vem apenas de tochas e fogueiras, você se desconecta um pouco da realidade. Some isso à comida e musica em volta da fogueira, às tendas, ao pessoal caracterizado... e acontece uma imersão muito bacana pra quem se permitir. Essa é a proposta do Old Norse, que na minha opinião está sendo realizada com muito sucesso.


Sobre a história, sou suspeito pra falar, pois este ano passei a colaborar com os organizadores na criação do enredo e fiquei responsável pela produção da parte escrita, que ficará como um registro dessa grande história que está sendo contada (mais do que nunca, estou fazendo meu papel de um skald, hahaha).


Duas semanas antes do evento, já havíamos o prelúdio deste quarto capítulo da saga, que apresentava o cenário e os personagens, pra todo mundo poder entrar no clima. Se você não viu, dá uma olhada: 

Capítulo IV - O Funeral (Prelúdio)

Considero que a encenação é outro elemento que colabora muito para a imersão. Neste ano, quem esteve no evento presenciou a recriação de um verdadeiro ritual funerário viking, misturando elementos históricos com a caracterização dos personagens da saga e algumas referências às pessoas reais que interpretaram esses papéis, que vão ficar pra sempre na memória de quem estava lá. Foi fantástico.

Se você não esteve no evento, logo mais vai poder conferir a conclusão deste capítulo, quando publicarmos a parte escrita! ;)

As fotos dessa resenha são só um aperitivo – temos um monte de fotos ainda pra editar, que deverão ser publicadas num álbum na nossa página no facebook, aguardem!


E sigam nosso perfil no instagram (@cenamedieval) – nos próximos dias vamos continuar publicando várias imagens do evento.


Veja também aqui no Cena Medieval:



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