sábado, 12 de novembro de 2016

Resenha da Folk Fair Especial e as ótimas apresentações da Faun

Fotos por Sergio Scarpelli

Salve, medievalistas e folkers!

Neste último final de semana aconteceu a edição especial da Folk Fair, dividida nos dias 5 e 6 de Novembro, tendo como atração principal as apresentações da Faun.


Foram as primeiras apresentações da banda alemã no Brasil, e o evento contou, nos dois dias, com a abertura de excelentes nomes do cenário brasileiro.

Não conhece a Faun? Trata-se de um grupo alemão que mistura música moderna com folk antigo, medieval, celta e nórdico. Veja aqui nosso artigo contando um pouco da história e falando mais sobre o inusitado estilo da banda.

A Folk Fair é um evento que vem acontecendo cerca de duas vezes por ano desde 2014 (em junho deste ano tivemos a Folk Fair VI), e esta edição de novembro foi uma edição especial, dividida em dois dias, tendo como principal atração em ambos a Faun.

Primeiro dia – Clash club (São Paulo/SP)


No primeiro dia, os shows ocorreram na Clash Club. A casa, localizada no bairro da Barra Funda, em São Paulo/SP, já é conhecida do público do meio medieval e folk paulista, pois foi o local de realização das últimas edições do Odin’s Krieger.

Pessoal já animado na fila!
A primeira banda do dia foi o grupo mineiro Taverna.


Eu ainda não os havia visto ao vivo, e fiquei impressionado com a qualidade musical da apresentação. Trata-se de um grupo formado em Belo Horizonte, em 2013, com a proposta de “interpretar e investigar a sonoridade celta e medieval, recriando versões num clima de cantigas de taberna”.


O repertório foi composto de elementos como a antiga canção de bordo Drunken Sailor e a bela Òran na Cloiche, uma canção folclórica escocesa (cantada em gaélico escocês!) que foi a música do primeiro clipe da banda (procurem no youtube, vale a pena assistir).


A seguir, veio a apresentação do Taberna Folk.


Eu falo tanto do Taberna aqui no blog que tenho até medo de parecer repetitivo, mas eles merecem cada elogio feito, além de serem um elemento essencial do cenário folk e medieval no Brasil. A apresentação deles foi ótima como sempre, animando muito o público presente.


Pra quem não conhece, o Taberna é um grupo de música folk europeia formado em 2008 na cidade de Cosmópolis/SP, que abrange em seu repertório desde canções medievais até temas mais modernos que estão de alguma forma relacionados com a temática medieval ou com o folclore europeu, com utilização de diversos instrumentos antigos e algumas vezes exóticos. Uma das últimas adições ao repertório (e que foi executada neste show), por exemplo, é a canção Lady in Black, um cover da banda inglesa Uriah Heep, que fala de um homem vagando depois da guerra e encontrando uma deusa que o consola.

E falando em guerra, depois do Taberna entrou em cena o grupo de combates medievais Ordo Draconis Belli, que fez sua apresentação de luta no meio da pista.




E durante as apresentações das bandas de abertura e de luta, alguns dos membros da Faun transitaram pela pista e na entrada da Clash, sendo muito simpáticos, dando autógrafos e tirando fotos com os fãs.





A Faun é uma das bandas mais importantes no cenário folk na Europa. Foi formada em 2002 e tem sua sonoridade baseada em instrumentos antigos como harpa celta, viela de roda, nickelharpa, gaita de foles, entre outros. As letras recorrem a temáticas pagãs e de ligação com a natureza. O próprio nome da banda vem da criatura Fauno, presente na mitologia greco-romana, que frequentemente é descrito como um espírito da floresta.

A apresentação propriamente dita começou pouco antes das 20h e durou cerca de duas horas.


Apesar de a banda ter lançado em 2016 seu nono álbum de estúdio (Midgard), apenas uma canção dele foi tocada, e o show abrangeu bem mais canções de trabalhos anteriores, especialmente o álbum Eden, de 2011, que teve cinco de suas músicas revisitadas (sendo que a apresentação teve quatorze canções no sábado e dezesseis no domingo). Veja aqui a setlist completa executada no sábado.

Fiona
Oliver
Katja
Niel
Stephan
Rüdiger

Oliver, o líder da banda, interagiu bastante com o público. Um dos momentos mais notáveis foi a preparação para a canção Walpurgisnacht, do álbum Luna, de 2014. Essa canção fala de um festival que no folclore germânico é tido como uma noite de encontro de bruxas no início da primavera, e a banda incentivou que o público participasse e fizesse coro durante o refrão.

O número de pessoas presentes acabou sendo bem inferior à capacidade máxima da casa, o que por um lado gerou um grande espaço vazio na pista e no mezanino, mas por outro permitiu essa aproximação mais intimista da banda, com os membros andando pelo local, dando autógrafos e tirando fotos, algo que talvez não fosse possível se o espaço estivesse lotado. Mas o público presente, embora não tão volumoso, certamente marcou a banda com o entusiasmo e a animação que são típicos dos brasileiros.

"O Brasil ama Faun", é a frase que, em alemão, estampou o presente dado por alguns fãs à banda

Segundo dia – Centro de Eventos Pedro Bortolosso (Osasco/SP)


Já no segundo dia os shows aconteceram no mesmo local onde normalmente acontece a Folk Fair, em Osasco.

Dessa vez o Taberna Folk foi a primeira banda, repetindo a qualidade da apresentação do dia anterior, apesar do menor tempo de palco.


Taberna Folk e Faun!
A seguir, subiram ao palco os animados integrantes do Terra Celta.


O Terra Celta é um grupo formado em Londrina (PR) em 2005, que compõe canções com inspiração na sonoridade celta irlandesa e letras em português, frequentemente humorísticas.

E assim como a Faun e o Taberna Folk, o Terra Celta compõe sua sonoridade folk pela utilização de diversos instrumentos, como violino, gaite de foles, nyckelharpa, bouzouki, acordeão, viela de roda, (entre outros), além da tríade instrumental do rock: guitarra, baixo e bateria.


Durante a apresentação, o vocalista Elcio Oliveira comentou que aquela certamente seria a primeira noite no Brasil em que o público poderia ver duas apresentações com nyckelharpa. Com efeito, a nyckelharpa – que é tocada por Elcio no Terra Celta e por Oliver na Faun – é um instrumento de corda friccionada (parente do violino) tradicional da Suécia e ainda bem exótico para nós aqui no Brasil.


Por conta de alguns atrasos, as apresentações das bandas de abertura acabaram sendo um pouco mais curtas do que o previsto, e acabou não acontecendo a apresentação do grupo de danças medievais Draumur.

E pouco depois das 21h começou a apresentação da Faun, indo até pouco depois das 23h. A setlist foi basicamente a mesma do dia anterior, com a adição das canções Diese kalte Nacht e Ne Aludj El, no começo e no final da apresentação, respectivamente.




Oliver e a tal da nyckelharpa




O público presente foi em boa parte o mesmo do dia anterior, pois muitas pessoas que adquiriram o ingresso para o primeiro dia ganharam promocionalmente o ingresso para o segundo.



Enfim, os dois dias de apresentação foram muito bons. Até poucos anos atrás, a perspectiva de uma banda como a Faun vir para o Brasil era praticamente inexistente, mas o cenário medieval e folk que se formou no país nos últimos anos tornou isso possível. A banda parece ter gostado bastante da experiência entre os fãs brasileiros e prometeu voltar em breve. Tomara J


Veja também aqui no Cena Medieval:


Faun, nosso artigo dedicado exclusivamente a falar sobre a banda (o primeiro da seção de bandas do Cena Medieval a falar de um grupo estrangeiro)

Folk Fair Especial, nosso artigo publicado pouco menos de um mês antes do evento, contando nossas expectativas

Taberna Folk, nosso artigo contando um pouco da trajetória e curiosidades sobre a banda

Ordo Draconis Belli, nosso artigo contando quem são esses guerreiros que fazem apresentações de luta em tantos eventos do meio medieval

6 comentários:

  1. Esse show foi o melhor show da minha vida! As banda Taverna de BH e Taberna Folk de Cosmópolis fizeram jus a abertura do da apresentação de Faun, sem contar a interação com o público e a energia das pessoas, todas lindas, fiz muitas amizades e tenho muita gratidão pelos organizadores do evento que me conectaram com fãs do Brasil todo, BA, MG, MT, ES, SC, RS, etc. Só uma palavra para descrever esse maravilhoso evento! GRATIDÃO!

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  2. Shows incríveis do Taberna e Taverna e Faun maravilho, super carismáticos com o público, divertidos. Foi o presente do ano esse show!!

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  3. Respostas
    1. Não... foram apenas duas apresentações no Brasil, e infelizmente acho que vai demorar um tempo até eles virem de novo...

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  4. Muito obrigado aos produtores que viabilizaram uma banda do tamanho do Faun no Brasil!

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