quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Agosto/2017 – Hidromel Velho Mundo

Salve, medievalistas e apreciadores de hidromel!

Esta é nada menos do que a décima quarta resenha em nossa coluna de hidroméis! Ou seja, já faz mais de um ano que mantemos a nossa proposta de provar e resenhar um hidromel brasileiro por mês!


E o hidromel deste mês de agosto é o Velho Mundo, do Rio de Janeiro/RJ!

Não sabe o que é hidromel? Então dê uma olhadinha antes no nosso artigo explicando um pouquinho da história da bebida!

Se você tem acompanhado nossa coluna, deve saber que ela é umas das mais ativas do site. Os principais posts nela são nossas análises de hidroméis brasileiros, que fazemos uma vez por mês (sempre acompanhados de pratos de culinária medieval), mas também temos falado de outras coisas relacionadas ao hidromel. Recentemente, por exemplo, concedemos uma entrevista à Associação de Produtores de Hidromel de SP, que foi bem bacana (veja aqui).

Nós demoramos um pouco pra começar a falar de hidroméis cariocas, mas agora eles estão aparecendo com força na coluna – o primeiro foi o Skald, nosso rótulo de julho, este mês trazemos o Velho Mundo, e ainda outros hidroméis do Rio devem aparecer por aqui nos próximos meses.


A variedade pyment do hidromel Velho Mundo, que foi a que experimentamos, começou a ser produzida em 2016. Encontramos com o produtor este ano durante o Old Norse, um acampamento viking do qual participamos em junho (veja aqui a resenha). Ele era um dos expositores vendendo sua bebida no evento, e naquela oportunidade já deixou conosco o hidromel que estamos provando agora.

A experiência


Inspirados pelo nome deste hidromel, decidimos finalmente fazer algo que já queríamos há muito tempo: preparar, para acompanhar, um prato de culinária medieval portuguesa, e acabamos preparando duas receitas diferentes, ambas presentes no livro Um tratado da Cozinha Portuguesa do Século XV.

A primeira é uma receita de almôndegas, fritas na manteiga e recheadas com uma gema de ovo cozida:


E a segunda é uma receita de ovos mexidos com água-de-flor (um item presente na cozinha portuguesa provavelmente por influência árabe), polvilhados com açúcar e pimenta (a receita mandava usar também canela, mas eu acabei esquecendo...):


O Velho Mundo é produzido em sua versão tradicional doce (suave) e também na variedade pyment semi-seco, que foi a que o produtor nos apresentou. Ainda não havíamos tido a oportunidade de experimentar um pyment por aqui, então foi bem interessante.


Como já mencionamos em outros artigos, as subvariedades de hidromel recebem diversos nomes diferentes de acordo com os ingredientes que são adicionados na fermentação. No caso, o pyment é um hidromel que foi fermentado não apenas com mel, mas também com suco de uvas.

Ao servir, notamos uma considerável carbonatação, mas segundo o produtor esta não era a intenção, o que significa que a bebida refermentou um pouco após o engarrafamento. Mas isso em nada prejudicou a experiência, que foi como tomar um vinho frisante.


Tanto no aroma quanto no paladar, ele é ligeiramente ácido, certamente em função das uvas. Segundo o produtor, são utilizadas uvas verdes não muito doces, para apurar mais o sabor da uva como nota final durante a degustação, e a uva também confere mais tanino ao hidromel.

Ainda assim, a doçura do mel se faz bem presente, equilibrando bem com a acidez. De fato, talvez pudéssemos até classificá-lo como um hidromel mais suave do que semi-seco. Em virtude disso, a graduação alcoólica de 12% é quase imperceptível.


No final, a experiência foi parecida com a de um vinho prosecco, talvez apenas um pouco mais ácido e ao mesmo mais tempo mais doce. Talvez uma bebida refinada demais para os pratos de sabor cotidiano que preparamos, mas ainda assim uma boa combinação. Recomendamos o Velho Mundo Pyment aos paladares que apreciam hidroméis doces e semi-secos, e principalmente àqueles que já conhecem hidroméis tradicionais e querem partir para experiências mais exóticas dentro do mundo dos hidroméis.


Dados técnicos


São utilizados mel de laranjeira ou silvestre, dependendo da época do ano. O tempo de fermentação é de 2 a 3 meses, e a maturação e clarificação, quando necessárias, demandam mais um mês. A levedura utilizada é uma cepa enóloga de marca francesa.


Como mencionamos inicialmente, além desse pyment que provamos, o Velho Mundo possui também uma variedade tradicional suave, e o produtor está atualmente pesquisando novas receitas para começar a produzir uma versão seca.

A graduação alcoólica da variedade que experimentamos é de 12%.


O valor de venda da garrafa de 500ml é de cerca de R$ 40,00. Para encomendar, entre em contato com o produtor pela página no facebook:




Você já experimentou o Velho Mundo? Conte para nós o que achou deste hidromel!


Veja também os outros rótulos que já experimentamos nesta coluna:


Julho/2016 – Bee Gold, de Sorocaba/SP

Agosto/2016 – Velho Oeste, de Xanxerê/SC

Setembro/2016 – Alfheim, de Cachoeirinha/RS

Outubro/2016 – Ferroada, de Contagem/MG

Novembro/2016 – Hahn, de Dois Irmãos/RS

Dezembro/2016 – Triple Horn, de São Paulo/SP

Janeiro/2017 – Cervantes, de Maringá/PR

Fevereiro/2017 – OldPony, de Mogi-Guaçu/SP

Março/2017 – Corvo Caolho, de São Caetano do Sul/SP

Abril/2017 – Philip Mead, de Hortolândia/SP

Maio/2017 – Yggdrasill, de Curitiba/PR

Junho/2017 – Lord, de São Paulo/SP

Julho/2017 – Skald, do Rio de Janeiro/RJ

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